domingo, 9 de dezembro de 2007

Lisboa: a Sin City do mundo

Com a elevada concentração de criminosos "em massa" deste fim-de-semana, Lisboa tornou-se por momentos na Sin City do mundo.
Figuras com bastante mais sangue nas mãos do que nas veias foram recebidas como "iguais".
Do que falarão entre si estes déspotas? Discutirão as suas experiências, as suas memórias? Lembrarão alguns que mataram? Contarão piadas sobre isso?

Para desgraça de muitos milhões de pessoas, são personagens demasiadamente más para serem de ficção. Nem Miller com o seu traço sombrio as conseguiria inventar.


sábado, 17 de novembro de 2007

Génios à solta - Bowie

Teen Jolie

Mas porque raio estive eu no Liceu de Belém-Algés (também conhecido como Auschwitz) e não num Liceu algures nos States na turma desta singela rapariga?
A minha mulher que me perdoe (eu, afinal, estou quase nos 40, não é?).

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Tens mesmo a certeza que já não tens nada para me dizer?

Casal nos quarenta anos num restaurante, 12,30h:
- 'Tá bom Xor Zé. O que temos hoje? Para mim pode ser.
- Para mim pode ser o bacalhau.
- ...
- ...
- ...
- ...
- Ora aqui está ele. Traz-me mais um jarrinho?
- Traz-me o sal se faz favor?
- ...
- ...
- ...
- ...
- Traz-me os palitos se faz favor? E um café?
- E um café também para mim.
- ...
- ...
- ...
- ...
- Até amanhã Xor Zé.
- Até amanhã Senhor Zé.

domingo, 11 de novembro de 2007

Rui Costa e a indústria porno


Se o golo é o orgasmo do futebol, os passes do Rui Costa são o quê?

Hoje, aquele passe que passou pelo meio de 3 defesas provocou-me, confesso, uma erecçãozita.

Os passes do Rui poderiam ser toda uma nova indústria porno.

O Sá Leão que se cuide.

sábado, 10 de novembro de 2007

Na terra dos ovos moles

Viagem à terra dos ovos moles ou à Veneza portuguesa (escolham o lugar comum que preferirem).

Aveiro é uma bela cidade que, além do que já referi, tem outra raridade: um centro comercial que não parece um centro comercial. Imaginem que está bem enquadrado na cidade. Não estou a gozar, não. Os meus parabéns aos arquitectos do Fórum Aveiro (não foram vocês os autores do projecto do Fórum Almada, pois não? Pois não, esse foi o Stevie Wonder. Desculpem).



Bom, eu e a minha familia fomos a Aveiro para ver uma exposição da Lúcia David, na Galeria Enquadrar. Comprámos uma das obras, que adorámos, mas foi apenas a 4ª na lista dos favoritos (as outras já estavam vendidas ou reservadas). Infelizmente, não tenho nada para vos mostrar dela, mas se por acaso passarem por Aveiro dêem uma espreitadela. A galeria fica mesmo junto ao mercado do peixe e depois aproveitem para almoçar no restaurante que fica mesmo por cima do mercado, que além de peixe obviamente excelente (só têm que descer as escadas para o ir buscar), tem vinho praticamente a preço de custo.

Vá lá, burgueses suburbanos. Levantem-se dos sofás e mergulhem no nosso Portugal.

p.s. trouxemos uma barrica de ovos moles para nós e outra para oferecer. Comemos a primeira e oferecemos a segunda a nós mesmos e também já a comemos.

p.s.s. queria apresentar uma reclamação aos senhores que fazem as barricas: façam-nas com a abertura mais larga porque um gajo vê-se à rasca para lamber o restinho de ovos moles que fica no fundo.

p.s.s.s. queria apresentar outra reclamação aos senhores que fazem as barricas: façam-nas com madeira menos maciça porque eu tentei parti-la para chupar todos os bocadinhos e não consegui.

p.s.s.s.s. estou a brincar relativamente às reclamações, claro. Bom, na verdade, só estou a brincar quanto à 2ª reclamação.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Doce ou travessura?!

Já não nos bastava a importação do carnaval brasileiro, com aquelas alvas lusas a abanarem a celulite no frio de Fevereiro. Agora também se quer importar o Halloween. Eu acho verdadeiramente deprimente aquela tradição do "Pão por Deus" mas ainda assim prefiro-a a mais esta americanada. E se por acaso algum puto vier a ter o azar de me tocar à porta e dizer alguma coisa parecida com "Doce ou travessura", leva com uma bela abóbora nos ainda tenros cornos.
Querem divertir-se com abóboras? É simples. Façam doce e comam-no, portuguese way, com requeijão.

Génios à solta - Kubrick

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Cena de um filme inexistente

- Eu...
- Sim?
- Eu... sinto-me fascinada por si.
- Porque...
- Sempre quis ser possuída por um homem mais velho.
- Eu posso-lhe apresentar o meu pai, se quiser.

sábado, 27 de outubro de 2007

"Realizing your dick is small is just the beginning"

Bem novo, e por cortesia de um primo bem mais velho e irremediavelmente tarado, vi um filme, ainda em Super8, com o lendário John Holmes.
Por isso, caros senhores da empresa que insistem em propor-me acrescentar várias polegadas ao meu pénis, há mais de 20 anos que "realizei" que o meu pénis é pequeno. E, talvez estranhamente, sempre vivi bem com isso. E olhem que o John Holmes, apesar da sua grandeza, já não pode dizer o mesmo.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Cena de um filme inexistente

- Espera, não dispares. Eu não matei o teu pai.
- Um de vocês cinco matou.
- E vais-nos matar a todos?
- Sim. Assim tenho a certeza que matei o assassino do meu pai.
- Vais matar quatro inocentes. Conseguirás viver com isso?
- Os remorsos deixam-me viver. A raiva não.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Benfica 1 Celtic 0

Assim de vez em quando, ainda há justiça. E como é bela a justiça quando veste de encarnado.
O Cardozo, para mim, já está confirmado. É jogador, sim senhor. Apesar de assobiado e do azar sobrenatural que o afectou, mostrou cojones, assumiu a coisa e ganhou o jogo.
Por falar em sobrenatural: o passe do Di Maria, meus amigos. Só aquele passe pagou o bilhete.

Resultado: lá vou eu à bola outra vez no domingo.

Laptops? Piaçabas!

O Sócrates anda para aí a oferecer laptops para a malta se familiarizar com as novas tecnologias. Errado! A malta nem sequer domina actividades básicas, quanto mais computadores. Passo a explicar:
Nas WC do edificio onde trabalho, e em que a população residente até tem qualificações bastante superiores à média, as sanitas estão, invariavelmente, cagadas. Obviamente que as sanitas foram construídas para isso mesmo, mas é suposto limpá-las após cada utilização para que o próximo utente tenha um melhor ambiente.


Por isso, Sr. Primeiro Ministro, antes de oferecer computadores, comece pelo principio: ofereça antes piaçabas. Mas com livrinho de instruções.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Agressividade matinal

Um homem, dos seus 50 anos, sai do seu carro e grita com um taxista que, mantendo-se sentado, não deixa de responder. Não ouço o que eles dizem mas não preciso. Estão, com certeza, a adjectivar a mãe um do outro. O cinquentão, com pose de galo, termina o certamente elevado diálogo com o tipíco gesto de braço de quem vai pregar uma estalada no outro e volta para o seu carro. O taxista mete a cabeça de fora da janela e larga mais uns impropérios de natureza bastante marcante, dado que motivou o regresso do Galo. Este, tipo Ronaldo mas sem bola, pontapeia em grande estilo a porta do Taxi. O taxista abre a porta mas o outro logo a segura, tentando evitar a sua saída. Na cara do Galo vê-se agora que se transformou num Pinto. É normal: a coragem de alguns é inversamente proporcional à de quem se enfrenta.
O Galo transformado em Pinto, conhece outra transformação. Agora é Galgo, e corre rapidamente para o seu carro. O taxista revela-se finalmente - um metro e meio de gente - e com ele traz uma espécie de bastão. As suas pernas pequenas e eventualmente o peso do bastão não lhe deram o impulso suficiente para atingir o carro do outro, cujos pneus guincharam enquanto carregavam o ex-Galo, ex-Pinto e agora Galgo, rumo à fuga.

Nunca deixo de me espantar com estas agressividades matinais. Não sei se é resultado de pequenos-almoços demasiado calóricos ou de haver homens que vivem mal por terem pilas pequenas ou por outra razão ridicula qualquer. O que sei é que há uma regra básica de sobrevivência no trânsito, e que o tal cinquentão desconhecia ou desrespeitou: nunca se metam com taxistas. Ou nunca viram o Taxi Driver?

domingo, 21 de outubro de 2007

Jantar materno

A minha mãe, desde que me lembro, que me chateia pela minha barriga, mesmo nos meus orgulhosos tempos dos 70 kgs. "Esta barriguinha", dizia, e diz, com ar reprovador.

No entanto, os jantares demonstram alguma incoerência com esta atitude. Invariavelmente, metem bifinhos com molho e muito pão.


Ontem, ao jantar, em cima dos bifinhos, para além do molho, um ovinho estrelado. E acompanhado sempre com uma pergunta persistente da minha mãe: "Não queres mais pão?". Claro que quis. Até porque, para além do meu ovo estrelado, ainda acabei por comer grande parte do ovo da minha filha.

E poderiam dizer que eu deveria dizer não, aliás, "nãos": um não aos bifinhos, outro não ao molhinho, outro não ao ovo estrelado, outro não ao outro ovo estrelado, e um não por cada bocado de pão.
Mas obviamente que não posso. Achariam bem que melindrasse uma senhora com setenta e tal anos?

Coffee and cigarretes (4ª semana)


O fim de semana anterior foi passado na Eurodisney. Entre rides na Space Mountain (espectáculo!), andar com a minha filha às cavalitas e no carrinho, ainda fiz algum exercicío.

Mas a inexistência de outra coisa para comer que não fast-food, digamos que não ajudou.

Hoje, depois de um jantar materno (que já vou referir a seguir) e de uma 1,30h de bicla, registo 89 kgs.

Not so bad mas a luta continua. Sou o Jerónimo de Sousa do meu peso: "Luto contra a exploração das minhas gorduras pelas calorias capitalistas!"

sábado, 20 de outubro de 2007

Excitações

Num restaurante em Lisboa, uma da tarde, um casal conversa:
Ele: Ainda não lhe paguei, não.
Ela: Não pagaste?! Mas ele já te entregou a factura.
Ele: E então?
Ela: Então?! Ele entrega-te a factura e tu não lhe pagas?
Ele: TU SABES O QUE É UMA FACTURA, MINHA PARVA?
Ela: CLARO QUE SEI. É O QUE SE ENTREGA QUANDO SE RECEBE DINHEIRO.
Ele: NÃO, MINHA PARVA. ISSO É UM RECIBO.
Ela: E TU NÃO ME CHAMES PARVA, OUVISTE?
Ele: EU JÁ ESTOU FARTO DA MERDA DESTA CONVERSA.
(pausa de 20 segundos)
Ela: O que queres de sobremesa?
Ele: Acho que o leite creme é muito bom. Queres um a meias?

Benfica-Setúbal

Uma equipa que alinha com um jogador que se auto-intitula, com orgulho, "Miguelito", mais do que condenada ao fracasso, está condenada ao rídiculo.
Para além disso, julgava eu que tinhamos comprado o Zoro, mas afinal compraram o Tonto.
Valha-nos o Adu, que tem um registo fantástico: 1 golo por cada 4 toques (não são remates, são mesmo toques) na bola.

domingo, 7 de outubro de 2007

Ganhámos!

Lá ganhámos um joguito, contra um Leiria com muito poucas pernas.

Está visto que a melhor contratação da época é o Cebola, um tipo que chega aos calcanhares do Futre, embora tendo exclusivamente em conta a relação preço-qualidade a melhor contratação tenha sido o Binya, uma espécie de Makelele em formação (com um bocadinho de boa vontade, claro).


Quanto ao Cardozo, enfim, vamos dar-lhe tempo. Mas não me conformo por não termos dado apenas 5 milhões pelo Miccoli e termos apostado 9 milhões neste paraguaio.

Coffee and cigarretes (2ª semana)

Um amigo meu, mais velho e sempre muito preocupado com a imagem, disse-me, há uns anos, algo inesquecivel: "Puto, quando te conheci eras o Vanderloo. Agora, és uns nojo de homem".

É daquelas frases que de vez em quando me batem na testa.
Na minha recentissima senda de deixar de ser um nojo de homem, tenho a dizer que na sexta-feira, depois de 1,30h de bicicleta, o meu peso registava menos 1,5 quilitos do que na semana passada.

Os 40 minutos de bicla de hoje foram impotentes para suster os efeitos do Assuka e do Haagen-Dazs de sábado à noite: regressei aos 90.

Tal como no monopólio, regressei à casa de partida. Mas a luta continua!

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Blitz

Recomecei a ler a Blitz nas férias de verão. A ultima vez terá sido há uns 20 anos, ainda em formato jornal.
É uma revista interessante da primeira à ultima página, com gente apaixonada por música que escreve sobre ela de forma perceptível, e não como se estivesse a ensaiar, em cada crónica sobre um disco, uma tese de doutoramento (como acontece com a maioria dos críticos da nossa praça).


Comprem. É mais barato do que um maço de tabaco e pode ser lido em recintos fechados.

domingo, 30 de setembro de 2007

Coffee and cigarettes (1ª semana)

O café já foi, que não me fazia falta nenhuma, apesar de beber entre 4 a 6 por dia.

A seu tempo também irão os cigarros, mas para isso tenho que perder uns quilos.





Já comprei uma bicla, e hoje já foi uma 1,30 h de pedal, e uns 3 litros de suor.
Durante a semana, vou voltar ao peixinho grelhado, para ver se deixo de ter um peso de peso.




Começo com uns belos 90 quilos. Para a semana voltamos a falar.

Dedicado à minha cunhada mais velha, perdão, mais antiga, perdão, mais madura, perdão, mais experiente



Rendo-me: são, de facto, igualzinhos. Tipo Sofia Loren e Odete Santos.

Recado

Bacano (sim, tu!): como é que ficou o nosso pãozinho? Já arranjaste nome não-passível-de-processo para a coisa?

Ide ler, ide

"O que é (e notem que cito) a «geração broche»?"

Pedro Mexia in Estado Civil

Vida mais facilitada


A vitoria de Menezes nas directas do PSD simplificou-me a vida.
Já sei, a cerca de dois anos de distância, como vou votar nas legislativas.








Reequilíbrio

A saída de Fernando Santos do Benfica aliviou-me de uma forma transcendente. Voltei a ver o Benfica com alegria e com o irracional, e irritante (para os outros), optimismo de outrora.

Benditos sovacos suaditos do Camacho, que substituíram aquele esgar de quem não consegue cagar desde 1967.

De regresso

Depois de mudar de casa, estive ocupado a mudar de emprego. Deixei uma espécie de circo mafioso, em que, apesar de passar momentos muito maus, aprendi muito, e fiz coisas que me orgulham. Mas continuar era, simplesmente, uma loucura.
Tive a sorte de poder mudar para um bom projecto, muito ambicioso e exigente q.b., e que me permite empurrar o trabalho para o seu canto.
Voltei a ter grande disponibilidade mental para me dedicar ao mais importante: familia, amigos, Benfica, música, filmes, livros, ... e também aqui, à Casa Desassombrada, que foi, por uns tempos, uma Casa Desocupada.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Centro Cultural de Berardo

O CCB foi uma obra alvo de grande polémica, polémica essa que se desvaneceu, completamente, com o tempo. Tornou-se num foco de diversidade cultural, sem nunca perder a coerência, cumprindo aquilo que me parece o essencial num "aparelho" cultural: chegou às pessoas. E a muitas.
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O Centro Cultural de Belém desapareceu e deu agora lugar ao Centro Cultural de Berardo. Contudo, Berardo não me merece nenhuma crítica. Limitou-se a defender os seus interesses. Não era a ele que competia defender os nossos interesses, era ao Governo. E a Sócrates, principalmente, que arrumou o assunto, com a cegueira costumeira, que alguns ainda teimam em chamar convicção.

sábado, 16 de junho de 2007

Aos 1126 dias

A minha filha começou por manifestar a sua vontade em convidar os seus amigos para vir cá a casa. Depois, foi mais longe: quer ir ao Algarve com eles. E de carro.
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Ser pai inclui saber lidar com a progressiva independência dos filhos, e eu tento estar preparado para os gritinhos de Ipiranga que vão aparecendo aqui e ali.
E querer convidar amigos para casa e ir para o Algarve com eles, não tem nada de mais... para um adolescente, ou, pronto, um pré-adolescente.
Mas o raio da míuda tem 3 anos, catano. Se ela aos 3 anos já quer ir curtir para o Algarve, o que me espera aos 6? O InterRail? E aos 9? Manifestações anti-globalização?

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Aos 1121 dias

Eu num lado, ela no outro, com a bola.
Ela aponta e diz: o pai é do Benfica. E eu...
(Pânico. Num micro-segundo, passa-me pela cabeça que o director da escola é do Sporting. Será que ele se armou em espertinho e lhe ensinou a dizer que é do Sporting? Pior: será que alguma educadora ou mesmo uma mãe ou pai lhe ensinaram a dizer que é do Porto? E se ela disser, o que é que eu faço? Dormir sem jantar? Escondo-lhe os brinquedos? Malas à porta? Sova monumental? Ou simplesmente desato a chorar?)
...também sou do Benfica.
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Alívio. Os fundamentos essenciais a uma boa educação já lá estão. Entranhados.

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Janssen? Venha ele

O Benfica está interessado no holandês Tim Janssen. Sobre Janssen pode-se ler no wikipedia o seguinte:
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"Tim Janssen (Eindhoven, 6 maart 1986) is een Nederlandse voetballer die op dit moment voor RKC Waalwijk speelt. Hij staat bekend als een talentvolle spits."
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Não percebo um boi de holandês, mas "talentvolle" soa muito bem.
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Venha ele!

domingo, 3 de junho de 2007

Aos 1112 dias

A mãe ia para um jantar de galinhas. Para despistar um eventual descontentamento pela ausência da mãe, adiantei logo um programa fabuloso: "Vamos jantar na sala!".
A minha filha alinhou. Fizemos corridas para ver quem é que levava primeiro os guardanapos, o pão, quem é que chegava primeiro ao quarto, lutámos pelo babete, enfim, uma enorme diversão.
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E assim, ela não se queixou da falta da mãe, e eu pude ver o Bélgica-Portugal. Ou melhor, pudemos ver - sim, que ela já disse à mãe, espontaneamente, que gostava de futebol (orgulho do pai...).

Bloco amolece

Isto poderia ter sido uma moção vencedora num congresso do PS, bastaria trocar o "Governo de Sócrates" por um do PSD.
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Estava eu à espera de mais uma causa fracturante, uma coisa tipo "lutar pelo direito dos casais homossexuais, imigrantes e toxicodependentes em adoptar crianças" e sai-me isto?
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O Bloco está a amolecer.

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Aos 1111 dias

- Boa tarde.
- OLHA, O PAI. JÁ VISTE O PAI?
- Então, estás a brincar cá fora?
- POIS ESTÁ. HOJE O TEMPO ESTEVE BOM.
- Estás com as mãos tão sujas...
- EU JÁ PEDI PARA TER UMA MANGUEIRA CÁ FORA, PARA OS PAIS OS PODEREM LAVAR ANTES DE IREM PARA CASA.
Nota: hoje foi um dos raros e felizes dias em que pude ir buscar a minha filha à escola. Venho é sempre com os ouvidos a zunir: falar com educadoras no final do dia, é como ficar ao pé de uma coluna num concerto dos Metallica.

quinta-feira, 31 de maio de 2007

A culpa é do sistema

Aderi ao Soccer Manager (www.soccermanager.com). É uma versão muito simplificada do Championshion Manager, em "online", mas com a vantagem de entreter e não pôr em causa o meu casamento (e o resto da minha vida toda, já agora).
Mas, depois de 3 jogos liderando o Estugarda (já não havia equipas mais decentes na liga para que fui convidado), levo com duas derrotas e um empate. E no último, vejo, com indignação, a seguinte incidência no relatório:
"41: Jose FERNANDO MEIRA is tripped in the box but the ref waves play on".
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Escandalo! Estou a ser prejudicado pelo sistema! Neste caso pelo sistema informático!
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Precisamos, também aqui, de limpar o futebol. Venha daí um "Chip dourado".

quarta-feira, 30 de maio de 2007

A alegria do defeso

Acabando o campeonato, começa o defeso. E com ele, a altura do ano mais alegre para um benfiquista: quase todos os dias temos os jornais a colocar a hipótese de contratarmos jogadores fantásticos e de despacharmos os pernas de pau. Ah, como eu adoro o defeso.
E depois vem Julho e a realidade: o Beto, o Marco Ferreira e outros que tais ainda não saíram, os fabulosos atacantes afinal não vieram e o Miccoli, apesar do seu amor pelo Benfica, vai jogar no Porto.
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Mas, até lá, meus amigos, temos uma equipa do caraças!

sábado, 26 de maio de 2007

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Temos Mourinho

"Eu para o ano vou ser campeão", afirmou Fernando Santos à Sport Tv, plagiando, segundo palavras do próprio, Mourinho.
Muito bem, é um começo.
Só lhe falta:
  • comprar um sobretudo decente;
  • mudar de penteado;
  • perder aquele esgar de dor figadal quando se levanta do banco;
  • aprender outras tácticas;
  • ser capaz de alterar uma táctica durante um jogo;
  • pôr a jogar mais de 13 jogadores durante uma época;
  • fazer substituições a mais de 5 minutos do fim do jogo;
  • fazer com que os jogadores se tornem melhores jogadores ou, no mínimo, que não se tornem piores;
  • não perder jogos com equipas de 3ª dimensão europeia;
  • ganhar uma Super-Liga;
  • ganhar uma Taça UEFA;
  • ganhar uma Liga dos Campeões.

Obviamente, que Santos não conseguirá fazer isto tudo num ano. A minha expectativa é que Santos, na próxima época, conseguirá, com esforço, comprar o sobretudo. Na Maconde.

E é só.

António Costa

Carmona Rodrigues fez bem em candidatar-se. Tem o direito de o fazer, como teve o direito de não concordar com o seu "despejo".
A candidatura de Carmona Rodrigues, bem como as outras "milhentas", não prejudicará o PSD. Para um partido sem hipóteses de vencer, a profusão de candidatos só ajuda: atenua a dimensão da derrota.
É António Costa quem tem mais a perder perante este cenário de múltiplas candidaturas, pela inevitável dispersão de votos, e, especialmente, com as candidaturas de independentes. Estes captam votos transversalmente, e todos abraçarão uma causa hoje em dia tão popular: bater nos partidos. E os do Bloco Central são sempre os mais apetecíveis.
Junte-se a isto a OTA e o desemprego - que naturalmente lhe vão ser apontados como ex-nº2 do Governo - e a maioria que Costa pediu está cada vez mais longe.

Cavaco Silva

Votei em Cavaco Silva para, pela primeira vez, termos um Presidente a exercer o seu cargo sem ter em conta interesses pessoais ou partidários, promovendo um ambiente de cooperação com os outros orgãos de soberania, da forma mais discreta possível.
Em quase tudo, o oposto de Jorge Sampaio, mestre da incontinência verbal, que resultava em muito do seu desconhecimento da realidade governativa e, em certos casos, da realidade, ponto.
No entanto, aquando do triste episódio das caricaturas de Maomé, foi Jorge Sampoio que veio a público relembrar o essencial: que a liberdade de expressão não pode ser colocada em causa.
E é isso o mínimo que eu espero de um Presidente da República: que salvaguarde o essencial.
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A atitude deste Governo, visível em diversos episódios - bem apontados por Paulo Rangel no seu discurso no 25 de Abril - legitima o acordar do velho respeitinho (como lhe chama JPP). E tenho poucas dúvidas que foi este ambiente de respeitinho que legitimou a descisão inqualificável da tal Directora Regional que suspendeu um professor por este ter dito uma graçola.
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Cavaco Silva tem mantido o silêncio sobre tudo. Mas este episódio da suspensão do professor é gravíssimo, porque viola o essencial, pôe em causa a liberdade de expressão.
Daí que o Presidente da República perdeu uma boa oportunidade para não estar calado.

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Assim de repente. Vá, a sério, assim de repente.

Por falar em imaginário infantil

Descobri uma notícia sobre a nossa (dos trintões) Heidi.
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Do dia-a-dia?
Relembro que a história de Heidi passava por ela ser orfão, ter sido levada pela tia para ser criada por um avô viúvo, que criava cabras na montanha.
Do dia-a-dia?
Depois a Heidi voltou para a cidade, para ser criada juntamente com uma criança paraplégica.
Do dia-a-dia, Salvado? Fosga-se!
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Razão tem o pai dessa figura mítica da TV portuguesa que dá pelo nome de Serenela (é com 1 ou 2 éles? Nunca sei) Andrade:
O motivo "até porque não havia mais nada" foi responsável pela popularidade de cerca de 99% de todos os filmes e séries dessa altura.
Incluíndo dos filmes e séries que "falavam das coisas do dia-a-dia", como, para além da Heidi, claro, os 3 Duques, o A-Team e esse grande drama familiar, o Star Trek.

Para compor o imaginário infantil

Duas das grandes figuras do imaginário infantil actual têm tudo a ver com a realidade portuguesa: um taxista, o Noddy, e um construtor, o Bob.
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Para compor as coisas, proponho a criação de uma nova figura: Tim, o autarca.
Tim é muito amigo de Bob com quem gosta de jogar monopólio, deixando-o construir casas nas zonas mais nobres do tabuleiro. É curioso que Tim nunca pára na prisão.
Tim também gosta muito de desporto, sendo o presidente do clube local. Tem outro grande amigo, o Oleg, que é árbitro, etc, etc, etc...
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Tem potencial, ou não tem?

domingo, 20 de maio de 2007

Vendo a coisa pelo lado positivo

Pode ser que, com o título, Jesualdo continue treinador do Porto.

In Neca we trust


sexta-feira, 18 de maio de 2007

Ser benfiquista (este fim-de-semana)

O Aves pode ganhar ao Porto. Basta marcar um golo, que o próprio Jesualdo tratará de deixar correr uma corrente de xixi pelas pernas abaixo, inspirando os seus jogadores para chutarem tudo para a bancada.
O Belém pode ganhar ou empatar com o Sporting. Jogam bem, estão sem pressão e o Daddy sonha em ser o melhor marcador. Os putos do Sporting, caso não marquem nos primeiros minutos - como fizeram nos últimos jogos - não aguentam a pressão.
O Benfica deve ganhar à Académica. Estes - tal como os pastéis - não têm pressão nenhuma, mas não jogam nada.
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E se o Benfica for campeão, o que é que eu faço? Vou ficar esfuziante por ver um treinador profundamente medíocre achar que fez um bom trabalho? Vou andar aos saltos por ver um presidente que vai concluir que o Benfica está no bom caminho?
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Provavelmente sim.

Portugal 2007-2016

2007 - António Costa é eleito Presidente da Câmara de Lisboa
2009 - António Costa é reeleito Presidente da Câmara de Lisboa
2009 - José Sócrates vence legislativas e continua Primeiro-Ministro
2011 - Cavaco Silva é reconduzido no cargo de Presidente da República
2013 - José Sócrates é convidado para ocupar cargo internacional de destaque
2013 - António Costa é eleito Primeiro-Ministro
2016 - António Guterres é eleito Presidente da República
nota: só espero que no meio desta desgraça o Benfica ganhe um ou outro campeonatozito

Copy-Paste

"Ajudem-me, por favor: lembrem-me uma coisa importante que Helena Roseta tenha feito em 35 anos de vida política profissional."

João Pinto e Castro in ...bl-g- -x-st-

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Velho

Na Fnac, vi um velho na secção de hard-rock. Achei graça.
Com um pouco mais de atenção, olhei novamente para o velho: calvo, algumas rugas, devia ter uns quarenta anos. E continuei a achar graça a um velho (de quarenta anos) na secção de hard-rock.
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Eu tenho 37 anos, lembrei-me.
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1º pensamento: estou velho.
2º pensamento: hard-rock é coisa de velho.
3º pensamento: sou um velho com olhar de adolescente.
4º pensamento: ser um velho com olhar de adolescente é bom (não é?!).
5º pensamento: já percebo os olhares espantados dos putos quando me vêem a vasculhar a secção de BD, à procura de novos volumes da edição portuguesa do Sandman (já saiu, finalmente, o terceiro).
6º pensamento: vou deixar de achar graça a velhos (como eu) na secção de hard-rock. Mas vou continuar a achar graça a ver velhos (como eu) na secção Alternativa/Independente (o novo do Rufus é bom, muito bom. Comprem - sejam vocês novos ou velhos).

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Assim talvez o PSD tivesse uma chance

Fernando Seara poderia sempre trazer a Periquita para Lisboa, não?

FAL in Corta-fitas

Deliciosamente angustiante



Her Green plastic watering can
For her fake Chinese rubber plant
In the fake plastic earth.
That she bought from a rubber man
In a town full of rubber plans.
to get rid of itself.
And It Wears Her Out, it wears her out
It wears her out, it wears her out.

She lives with a broken man
A cracked polystyrene man
Who just crumbles and burns.
He used to do surgery
For girls in the eighties
But gravity always wins.
And It Wears Him Out, it wears him out
It wears him out, it wears him out.

She looks like the real thing
She tastes like the real thing
My Fake Plastic Love.
But I can't help the feeling
I could blow through the ceiling
If I just turn and run
And It Wears Me Out, it wears me out
It wears me out, it wears me out.

And if I could BE who you wanted
If I could BE who you wanted,
All the time, all the time, ...

Fake Plastic Trees - Radiohead

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Não mudes de emprego, não

Quarta-Feira (que já nem me lembro do que se passou na segunda e na terça):
  • 9h - vi emails, li alguns, respondi a muito poucos, revi uma proposta
  • 10h - apresentei uma sessão de formação e dei parte dela
  • 11 h - tive reunião
  • 13 h - almocei e li o jornal
  • 14 h - apresentei a sessão da tarde da tal formação
  • 15 h - outra reunião (fora)
  • 17 h - vi emails, li alguns, respondi a todos os que li, marquei reuniões, revi apresentações e propostas, fiz pontos de situação com a minha equipa sobre os processos em curso
  • 19 e tal, quase 20 h - bazei

Hoje:

  • 9h - revi propostas
  • 10h - reunião
  • 12 h - revi apresentação, fiz ponto de situação com a minha equipa sobre a merda dos processos em curso, que nunca mais deixam de estar em curso
  • 13h - almoço num belo posto de abastecimento da A1
  • 15,30h - reunião em Aveiro
  • 17.30h - partida de regresso para Lisboa
  • 21h - casa

Amanhã:

  • 9h - vou dar formação
  • 10,30h - pontos de situação sobre u know, rever propostas, ver emails, ler nenhum, e responder nem pensar, enviar propostas para aprovação
  • 11,00h - reunião
  • 13,00h - almoço e ler jornal (se não me abafarem o Público, como é costume)
  • 14,30h - reunião
  • 16,00h - reunião
  • 18,00h - ler os emails, responder aos emails, fazer pontos de situação, preparar a agenda para a semana, tentar finalmente concluir a merda dos processos em curso, fazendo umas chamadas e chateando-me, dar instruções à equipa com base nas reuniões todas que tive durante a semana, porque ainda não tive tempo
  • 19,00h (I hope) - dar graças a Deus pelo fim-de-semana

Que Azar do Karadas

sexta-feira, 4 de maio de 2007

O caminho penoso de Marques Mendes

Só com muita boa vontade - como a de Paulo Gorjão - se poderá afirmar que Marques Mendes tem alguma coisa a ganhar com a decisão que tomou relativamente à Câmara de Lisboa.
Um caminho penoso espera-o:
  • Encontrar um candidato com um mínimo de credibilidade e um máximo de espirito de sacrificio (ou melhor dizendo, de masoquismo) é tarefa que parece impossível. Ainda que o consiga, perderá sempre as eleições;
  • Carmona sente-se atraiçoado, e não tem absolutamente mais nada a perder. Se decidir falar, e forçar a nota do independente crucificado pela máquina partidária, Mendes passará um mau bocado. E que será bastante agravado caso Carmona não seja acusado;
  • As eleições darão palco mediático a Paulo Portas, que não perderá esta oportunidade de transformar as atitudes de Mendes em "trapalhadas", ganhando território ao PSD;
  • Numa lógica puramente partidária, Mendes nunca será perdoado por entregar de mão beijada ao PS a maior autarquia do País. Menezes vai conquistar mais apoio;
  • PS vai continuar a considerar a decisão de Marques tardia, e mal justificada: é pela má gestão que Carmona deveria ter saído (como Jorge Coelho já argumentou, na Quadratura do Circulo).

Marques Mendes tem, realmente, um caminho penoso pela frente. Veremos se sem saída.

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Orgulho...

Carmona Rodrigues

...e preconceito

Carmona Rodrigues

No alarms and no surprises

Feito o teste European Political Ideologies - via Insurgente - os resultados que esperava:

#1 Market liberal
#2 Social liberal
#3 Anarcho-capitalist
#4 Social democrat
#5Third Way
#6 Ecologist or green
#7 Christian democrat
#8 Libertarian conservative
#9 Classical socialist
#10 Fascist
#11Anarcho-communist
#12 Communist

David Lynch filma na Madeira?

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Um autêntico filme de David Lynch este "filme" na Madeira: incompreensível e surreal.

quarta-feira, 2 de maio de 2007

Cadeiras e sofás

Há mais de 40 anos, Bella Guttman disse que o Benfica não tinha rabo para duas cadeiras.
Nesta semana, Chelsea e Man Utd mostraram um rabo encolhido, e vão ver a final da Champions sentados, sim, mas num sofá.

terça-feira, 1 de maio de 2007

Posicionados na Extrema-Esquerda

Têm surgido várias críticas às actividades de Extrema-Esquerda e ao tratamento que (não) lhes é dado pela Comunicação Social (aqui e aqui, por exemplo).
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Eu gostaria apenas de recordar aos críticos que houve portugueses posicionados na Extrema-Esquerda de enorme valor:



A tradição é mais ou menos o que era

Hoje, com uns amigos, agarrámos numa quantidade exagerada de sandes, sumos e guloseimas, e rumámos para Mora, com o seguinte programa:
  • Piquenique;
  • Visita ao Fluviário.
O piquenique teve lugar no "parque de merendas" do tal Fluviário, que estava com lotação esgotada.
Numa mesa contígua, uma familia comia a bela da "sande", como nós, mas enquanto nós chupávamos Compalzinho através de palhinhas (uns panilas, é o que nós somos), a outra familia, mulheres incluídas, emborcava o belo do tintol.
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A tradição ainda é o que era? Mais ou menos: eles emborcavam o tintol em copinhos do Noddy.
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Ah, e o Fluviário é giro. Vão lá. Até têm piranhas. A sério.
E quando forem não se esqueçam da "sande", do tintol e dos copinhos (do Ruca também serve).

Ora aí está uma causa que me levaria à Avenida da Liberdade

Rodrigo Moita de Deus in 31 da Armada

Nem bons ventos, nem bons prolongamentos

Derrota de Mourinho contra uma equipa treinada por um espanhol, recheada de jogadores espanhóis, num jogo apitado por um árbitro espanhol, e com um golo à Camacho.
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No dia do trabalhador, até a Padeira de Aljubarrota folgou. Para o ano há mais.

Um líder que está a matar todos os dias o PSD

Marques Mendes, por desespero ou simples ausência de ideias, encostou hoje o PSD mais à esquerda que nunca. Disse que o Governo Socialista "consegue ultrapassar o PSD pela Direita", retomou a obsessão pelo défice («Por este caminho, Portugal arrisca-se a ter as contas públicas em ordem, mas não ter nem economia nem emprego»), reclamou apoios às pequenas empresas, discursou, enfim, como se fosse líder do PCP.
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«Este Governo está a matar todos os dias o Estado social em Portugal" disse Mendes, o que é, infelizmente, mentira. O que é, também infelizmente, verdade, é que este líder está a matar todos os dias o PSD.

1970: o melhor álbum de Chico Buarque em 20 anos

1970 é o melhor álbum de Chico Buarque dos últimos 20 anos.
Este trabalho tem duas particularidades: nenhuma canção é da autoria de Chico Buarque e nenhuma canção é interpretada por Chico Buarque. Confusos?
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JP Simões compôs como Chico (e que bem compôe o moço) e interpreta à JP Simões (e que bem interpreta o moço).
E ainda teve tempo para uma versão (uma réplica, melhor dizendo - e isto é um elogio) de Inquietação de José Mário Branco.
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Agarrem lá nuns euritos e vão comprar o CD do rapaz, vá.

segunda-feira, 30 de abril de 2007

O Artur Jorge simpático

Os piores "maus líderes" são aqueles que disfarçam por mais tempo a sua mediocridade.
Bons exemplos: Guterres na política e Fernando Santos no futebol.
Humanistas, humildes, católicos, são, em suma, aquilo a que se costuma chamar "bons homens". E em Portugal adora-se um "bom homem". E essa capa cobre as suas lacunas, as suas más decisões, a sua mediocridade, até ao insustentável. Mas neste caminho de lento descobrimento, estes líderes vão arrastando bons elementos e boas equipas para a mediania, afectando os resultados. E quando a capa de "bom homem" subsiste não é o líder que se pôe em causa, já é a equipa. O "bom homem" não tem culpa, faz o que pode. Precisa de melhores elementos.
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Fernando Santos, um "bom homem", tem o condão de aguentar as suas equipas em condições de vencer quase até ao fim. Fê-lo no segundo ano no Porto, no Sporting e agora no Benfica.
Vai disfarçando a sua incapacidade, até perder tudo. E nesse caminho, os seus jogadores pioram, perdem confiança, regridem.
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O pior é que já se pôe a equipa em causa. "Faltam mais e melhores jogadores", diz-se por aí. "Não se esforçam", reclama-se.
Se Fernando Santos continuar, lá vão todos perceber para o ano que afinal o "bom homem" é um mau treinador. Mas nesse caminho, há bons jogadores que vão sair, outros que vão piorar, e destrói-se uma equipa.
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O Fernando Santos não passa de um Artur Jorge simpático. Eu passo bem sem outro Artur Jorge. Principalmente se for simpático.

domingo, 29 de abril de 2007

Porto campeão por falta de comparência

Chegou a ser aflitivo o derby lisboeta, especialmente na segunda-parte, onde ambas as equipas demonstraram uma falta de capacidade física, técnica e táctica perfeitamente inaceitável para quem poderia ainda chegar ao título.
O Porto está na mesma, mas está à frente. E assim vai terminar o campeonato, com os três grandes liderados por treinadores medianos. São capazes de pôr uma equipa a jogar futebol, sim, mas são todos incapazes de mexer num jogo, de rodar um plantel, de tornar os seus jogadores melhores, de alterar uma táctica em função do adversário.
Jesualdo não é melhor que Bento ou Santos, mas tem melhor plantel. E contou com a falta de comparência dos seus rivais de Lisboa no jogo que hoje poderia relançar um campeonato.
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Espero apenas que Vieira seja racional após o final de Campeonato: o 3º lugar merece despedimento. E com justíssima causa.

sexta-feira, 27 de abril de 2007

Benfica-Sporting: o curto e o médio prazo

Perspectiva emocional: ganhar, ganhar, ganhar.
Perspectiva racional: perder.

quarta-feira, 25 de abril de 2007

]Liberdade[























Inspirado neste "mosaico" do Arrastão

domingo, 22 de abril de 2007

Karts

O karting consiste numa actividade onde uma dezena de gajos pagam uma soma obscena para se armarem em Fittipaldis.
Mas para mim, andar de kart tem vários problemas:

- não há rádio, e eu gosto de conduzir a ouvir uma musiquinha. Para além disso, não se ouve o trânsito e eu nunca sei se é melhor ir pela curva do chapéu de sol ou pela recta dos pneus;
- não há sinalização na estrada, porque se houvesse aqueles putos nunca me teriam ultrapassado, dado que dentro das localidades não se pode andar a mais de 60 à hora (limite que respeitei durante toda a prova);
- os tipos que nos fazem o briefing nunca têm mais de 4 dentes. E eu não consigo de pensar nisso durante a prova e, lá está, perco a concentração;
- o kart não é um carro familiar. E eu já não sei conduzir sem uma cadeira de bébé atrás, e a caixa do carro cheia de sacos do Pingo Doce. Não consigo.

Obviamente que esta minha antipatia para com o karting tem um bocadinho a ver com a idade. De facto, não só ninguém já diz "armado em Fittipaldi", como ninguém com menos de 50 anos saberá quem foi o Fittipaldi.

Mas o pior, mesmo o pior dos karts, são as dores nos braços e nas omoplatas no dia a seguir. São dores quase mais agonizantes do que as da alma quando se ouvem as declarações do Fernando Santos.

quarta-feira, 18 de abril de 2007

You understand for a portuguese prime-minister its all that a... in my own country all I can say in a foreign language here in Lisbon




via Insurgente

O futuro por um canudo

Os pais querem que os seus filhos sejam licenciados. Os putos não querem que os pais os chateiem. E também não se querem chatear a estudar. Assim, escolhem Universidades com provas de admissão "cagativas". "Tipo" com uma entrevista, e com uma "cena" "tipo" para escrever sobre uma "cena" que tenha a ver com o curso. E o curso que os putos escolhem é um curso "bué da fixe". "Tipo" uma "cena" que tenha a ver com jornalismo ou comunicação, "cenas" audiovisuais, "tás a ver"?
E os putos convencem os pais que essas "cenas" audiovisuais é que "tão a dar", porque dá para um dia aparecerem na tv.
E os pais tudo bem, porque querem é que os filhos sejam "doutores" para fazer pirraça aos amigos.
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E os putos lá saem licenciados de uma "cena" audiovisual ou do ambiente, e lá começam a bater com o nariz na porta das empresas que não precisam para nada de licenciados em "cenas fixes".
E os pais ficam tristes e os putos revoltados.
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Os pais acham que o futuro dos filhos passa por um canudo. Quando é um canudo numa Universidade "cagativa" e com "cursos fixes", tem pelo menos uma utilidade: serve para os putos verem o seu futuro.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Ainda há coisas com que não se brinca

Hoje, in A BOLA, Paulo Sousa "ataca" a estratégia e a postura do Benfica no jogo que lhe custou a eliminação da Taça UEFA. Diz Sousa que não foi só azar, foi sobretudo...falta de organização. Acho que tem razão o próximo treinador do Benfica.
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in Bola na Área

Olha para mim (3)

A special one of The Special One

domingo, 15 de abril de 2007

Mudança

A casa já está habitável. Ainda há por aqui um ou outro caixote, os livros já estão nas estantes, mas ainda não arrumados, ainda não estão ligadas umas quantas coisas (scanner, impressora and so on) e falta ainda o sofá (que deverá chegar em Maio).
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Tenho as mãos com umas bolhas, gentileza do Sr. IKEA, e os braços e pernas cansadas de tanto caixote que levei para a arrecadação. É nestas alturas que penso se valerá mesmo a pena manter as colecções completas da K e da Grande Reportagem - mas cedo confirmo a "utilidade" das mesas - e um sem número de revistas de viagens (estas sim, qualquer dia vão para reciclar).
Falta levar um serviço de loiça, que já pensei em partir. Estou só a tentar discernir o que é que dá menos trabalho: partir, varrer, meter para um caixote e levar ao lixo, ou agarrar na porcaria do caixote e levá-lo para baixo. Por um lado, a primeira hipótese dava mais gozo, mas enfim.
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Há 2 anos que não numerava CDs e DVDs, por isso não sabia a quantas andava. Tenho menos CDs e mais DVDs do que previa. O problemas com os DVDs são as caixas - a do Alien, por exemplo, que é linda!, tem para aí 3 metros de largura - que ocupam o lugar de uns quantos filmes. Quanto voltar em força ao reforço da minha colecção de Jazz - que é modestissima - tenho que reforçar a estante (que a minha mulher não saiba disto - ela achou um disparate eu ter comprado 7 torres Benno, mas o que é certo é que estão praticamente cheias).
Poderei aderir aos downloads, mas é dificil. As caixinhas já fazem parte da minha vida. E com o Pandora - essa criação maravilhosa - já tenho dezenas de CDs para comprar, de bandas que nunca tinha ouvido sequer falar.
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Neste fim de fim-de-semana sinto-me como um guerreiro a descansar de uma batalha violenta mas vitoriosa.
Seguem-se os tempos de paz. Que o sol continue a iluminar a minha varanda.

quinta-feira, 12 de abril de 2007

IKEA

O Sr. IKEA é um granda palhaço. Para já, arranjou uma maneira de nós gostarmos de pagar para ser fiéis de armazém e montadores de móveis.
Depois, a merda das instruções faz com que tudo pareça fazer-se em 5 minutos.
O catano, oh palhaço! Demorei umas 3 horas a montar um móvel para a televisão e sobraram-me 6 (seis!) parafusos! Onde é que meto estes parafusos, pá? Dizes-me? É que naquelas instruções bonitinhas, arrumadinhas, completamente escandinavas, não falam nada sobre a merda dos parafusos, pá! E se a minha TV cai? Pior, se a TV cai logo quando estiver a dar o Benfica? Perco o Santos a dizer " a equipa desuniu-se, não estava ligada, mas não baixamos os braços". Dizes-me oh Sr. IKEA?
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Bom, agoro tenho que ir, porque tenho que montar o móvel do escritório, que inclui nada mais nada menos do que 7 colunas para CDs. Volto cá prá aí no domingo! E isto se a TV não me cair nos pés.

Mudar de casa

Vou na quarta mudança de casa. Já mudei por boas razões, e por más razões.
Esta mudança foi por uma excelente razão, para uma casa de que ambos gostamos, para um local cheio de sol e com cheiro a mar, e onde talvez passemos grande parte da nossa vida.
Sim, porque o final dos nossos dias já está acertado: limpamos o banco e vamos para o Chiado. Mas até lá, a nova casa promete. Mesmo.

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Brilhantismo com tomates



O desencontro de contas

Parece que o Fisco vai começar a congelar pagamentos a fornecedores que tenham dívidas fiscais (via Economia&Finanças).
Nada contra o conceito, que é, aliás, de senso-comum. Qualquer empresa faz encontro de contas com as empresas com que mantém uma dupla relação de cliente/fornecedor.
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O problema em avançar com esta medida tem a ver com o seguinte:
em primeiro lugar o Estado, como cliente, tem um peso enorme na economia nacional, o que gera várias dependências directas e indirectas (o melhor exemplo é o das obras públicas, com dependência directa dos consórcios que ganham as obras, e as dezenas/centenas de sub-empreiteiros que estes contratam). Em segundo lugar, grande parte, se não a maior parte, dos pagamentos que o Estado efectua são a prazos muito mais dilatados do que os usualmente praticados no mercado. Daí que as empresas dependentes dos fornecimentos ao Estado, com os seus atrasos nos pagamentos, acabam por ver as suas tesourarias estranguladas, com as consequentes quebras de compromissos (pagamento a fornecedores, colaboradores e... fisco).
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Esta iniciativa do Fisco tem o mesmo problema ético do da divulgação dos maiores credores fiscais. É uma espécie de "faz o que eu digo não faças o que eu faço", que fica sempre mal a qualquer pessoa, mas que fica muitissimo mal na "maior" pessoa (colectiva) de todas: o Estado.
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Não tenho absolutamente nenhuma dúvida que as dívidas fiscais teriam uma franca redução se o Estado pagasse a horas. Seria bom que começassem por aí.

segunda-feira, 2 de abril de 2007

O falhanço do Estado Social: Saúde

Reza a Constituição que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) deverá ser "universal e geral" e "tendencialmente gratuito".
Com este Governo, o SNS tem sido "tendencialmente pago", quer pelo aumento de impostos (e recorde-se que o Ministério da Saúde absorve quase 20% do total da despesa corrente do Estado), quer pelo aumento do preço dos serviços (taxas moderadoras e, agora, internamentos).
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Esta "dupla tributação" diminui fortemente a capacidade financeira da maioria das pessoas, dificultando-lhes (ou mesmo impossibilitando-lhes) a hipótese de optar por um sistema privado de saúde.
Consequência: sobrecarga do SNS - em especial nos grandes centros urbanos - com a inevitável quebra nos níveis de atendimento, reflectida, por exemplo, nas já tristemente célebres (mas com este Governo estranhamente "esquecidas") listas de espera da saúde. Logo, o SNS não é de facto "universal e geral", dada a sua incapacidade de acudir em tempo e com qualidade a muitas situações, incapacidade essa que assume maior gravidade nas regiões onde se está a descontinuar uma série de unidades.
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O SNS é, assim, pago à "cabeça" (através dos impostos) e por cada serviço, e não presta um serviço (mínimo) de qualidade. Afirmar que o SNS é um falhanço é dizer pouco.
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Alternativa?
Redução de impostos, permitindo a muitas pessoas escolher sistemas privados de saúde. Este aumento na procura de serviços de saúde estimularia a oferta, passando operadores privados a ter mais oferta e mais diversificada, prestando serviços que até agora são apenas prestados pelo SNS.
Este desvio de pessoas para o Sector Privado, libertaria o SNS para prestar um melhor serviço a quem cujo nível de rendimento não lhe confere outra hipótese se não recorrer ao serviço público, e para quem o SNS poderia ser de facto "tendencialmente gratuito".
Para as restantes pessoas, o SNS praticaria preços ajustados aos custos, que estas suportariam caso a caso, ou através de seguros de saúde ou esquemas similares.
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O maior problema de Portugal resume-se em duas palavras: Estado Social.
Perceber isto, é o primeiro passo para o nosso desenvolvimento.

quinta-feira, 29 de março de 2007

Aviso à navegação (aérea)

Aos Governantes actuais e futuros:
seja lá onde o vão construir, vejam lá se não cedem à moda do voto telefónico para escolher o nome do novo aeroporto. Olhem que o homem se arriscaria a ser bi-campeão. E, pior que isso, ainda se repetiria a história, e teríamos um Aeroporto 25 de Abril.

quarta-feira, 28 de março de 2007

Ainda os votos liberais

Relativamente ao post "Recapitulação", em que JLP comenta este meu post, gostaria de referir o seguinte:
Eu concordo em absoluto que "Um programa liberal tem portanto que se afirmar exactamente pelos "meios" ", como renego em absoluto a demagogia barata da tristemente célebre promessa dos 150.000 empregos de Sócrates.
Mas há que ter em conta o seguinte:
1. Ninguém pensa em "meios" sem pensar num determinado "fim". Não vamos também, só para marcar radicalmente a diferença, embarcar numa espécie de demagogia inversa, em que só se fala de medidas, e não se referem os objectivos que se pretendem atingir com a sua implementação.
2. Não confundamos o "Programa Liberal" com a sua comunicação. São passos e formatos que têm que ser tratados tendo em conta o fim a que se destinam. O "Programa" tem (e reforço o tem) que ser sustentado, quantificado, realista, corajoso, verdadeiro, repleto de "meios", porque, em primeiro lugar, é o guião, o plano, de quem o fez, e, acima de tudo, de quem o pretende executar; e em segundo lugar, porque quem o procurar ler, quer conhecer as ideias, os projectos, quer aferir da sua sustentabilidade e da credibilidade do mesmo e de quem o fez.
3. A comunicação através dos media tem regras muito estritas, e que passam hoje por divulgarem essencialmente mensagens curtas e simples. São as que passam nos rodapés das televisões, as que abrem noticiários (na TV e na rádio), as que produzem parangonas nas capas e que ocupam as colunas das páginas interiores.
Por tudo isto, insisto na necessidade de comunicar o "Programa Liberal" (os "meios") de forma a que as pessoas se interessem, e o compreendam como positivo.
Pegando numas das medidas apresentadas pelo JLP, "Devolução dos valores descontados para a segurança social aos seus titulares, e substituição do esquema actual de pensões por um sistema de pensão mínima única" , um "meio", se assim fosse comunicado, a mensagem (curta) que os media passariam seria "X defende a implementação de um sistema de pensão mínima única" (reforçando o "mínima").
O impacto junto da opinião pública seria negativo. O tempo de antena para explicar este "meio" seria minimo. O aproveitamento da esquerda desta medida seria máximo.
Eu sei que arrepia muita gente, mas a forma eficaz de passar este "meio" seria apresentando um dos seus "fins":
"X defende a duplicação das pensões mínimas" (reforçando a "duplicação"). Esta mensagem captaria a atenção. E esta mensagem não seria demagógica.
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Muitas vezes, daria jeito podermos mover um Bispo na horizontal. Mas as regras do jogo não o permitem.
Daí que, ou seguimos as regras, ou nem sequer jogamos. E este jogo tem que ser jogado, porque estamos quase todos a perder.

terça-feira, 27 de março de 2007

Contos Anunciados (2)

Os pais quiseram-no advogado e lá foi ele direito para a Universidade. Demorou 7 anos ou uma eternidade - consoante a sua versão ou da senhora da secretaria - a tirar o curso, em que de prático aprendeu a escrever a lápis em letras pequenas e com tal força, que os seus escritos depois de apagados, se sentiam como braille.
Divertiu-se depois a recolher assinaturas nos tribunais, assistindo à esgrima de dramas domésticos, dívidas eternas ou desaguizados no trânsito matinal. Seguiu-se o vazio.
Pior que a sua média, só a reputação da sua Universidade, atributo que ele, na sua ingenuidade, achava próprio só de pessoas. Levou mais negas em 6 meses de envio de CVs do que em 7 anos de estudo. E ficou-se por casa.
Hoje, sentado no sofá dos pais, sente o sol que fura o estore da sala enquanto olha para o monte de envelopes que se estica em cima da mesa. "Já chega para o tabaco deste mês", pensou.
E deita-se no sofá, enquanto tenta decidir se jogará o Simão ou o Moutinho.
Inspirado no anúncio:
"GANHE 4.500€ / MÊS, Ou até mais sem sair de casa, dobrando circulares. Pode ser part/full time"
DN 27/03/2007

Contos Anunciados (1)

Lourel? Ele é bastante mais velho, sim, mas ela ama-o, e di-lo com um misto de orgulho e raiva aos pais chocados, que primeiro lhe gritaram, depois a ameaçaram, e por fim já só choram.
Lourel? Ele é engraçado, muito engraçado, e leva-a a restaurantes com doses pequenas e preços grandes, e ela veste um dos dois vestidos que ele lhe deu - o preto, com o decote - e ela ri-se toda a noite com as histórias dele, mesmo com as historias da tropa.
Lourel? Ele deixou a mulher, e também os filhos, mas ele tem a certeza que pelo menos um deles é do patrão, ele fez tudo para salvar o casamento, como fez tudo para salvar o casamento anterior, como fará tudo para salvar este casamento, quando acontecer, e ela quer um vestido lindo, pérola, e uma aliança daquelas quadradas de ouro branco.
Lourel? Ele disse-lhe que queria os olhos dela reflectidos no mar ou num rio ou nas folhas verdes de um pinhal imenso, e ela começou a desenhar móveis que encaixassem em quartos pequenos numa das colinas de Lisboa, ou em salas enormes na Linha de Cascais, mas ele guarda para si a localização do ninho, ele é o Pirata que tem o mapa, enquanto ela só pode tentar adivinhar o X.
Lourel? Ele aponta para duas árvores e faz daquilo um pinhal, ela não para de olhar para a porta e imagina que quando a abrir vai ver um rio - um rio qualquer - ou sentir o cheiro do mar, ele apresenta o mesmo sorriso de sempre, mas ela vê-o agora como diabólico, e roga pragas a si mesma, até começar a chorar quando a senhora da agência imobiliária lhe diz que a casa está "impecável".
Inspirado no anúncio:
"Lourel/ Sintra. T2 duplex, 120m², Impecável, óptima oportunidade" Jornal da Ocasião, 27/03/2007

Não há quem vote ou em quem votar?

Desde já peço desculpa ao AMN (A Arte da Fuga) e ao JLP (Small Brother) por me "meter" nesta conversa, que de seguida resumo:
Concordando com ambos, gostaria de agarrar no "programa e discurso bem construídos" referido pelo JLP, e referir que, neste aspecto, há tudo a aprender com a esquerda.
A esquerda sabe que o veículo de qualquer mensagem política é a comunicação social, e também sabe como esta funciona. Os títulos dos jornais, ou as noticias de abertura de telejornais não se enchem com "meios" mas sim com "fins". Um "Partido X promete mais/melhor emprego/educação" será sempre escolhido em detrimento de um "Partido Y promete acabar com participações do Estado/obrigações sucessórias".
Daí que todos os "meios" (medidas) propostas pelo JLP teriam que ser veículadas como "fins" para captarem a atenção do público.
E não é uma tarefa impossível: Diogo Leite de Campos, há cerca de uma semana, numa entrevista na SIC-Noticias, como já destacou o CAA (Blasfémias), expôs de forma clarissima o que todos teríamos a ganhar com a redução de impostos. Numa intervenção de uma simplicidade brilhante, apresentou "fins", sustentados q.b. com alguns "meios".
Parece-me, por tudo isto, que se arranjam votos liberais.
Parece-me bem mais dificil arranjar em quem votar.

Aos 1044 dias

Tudo começou com uma leve dor no dedo. Dois dias depois estavamos nas urgências, dois dias depois também, e um dia depois idem.
O polegar da minha filha, infectado, parecia um gelado de baunilha e cereja, tanto na cor, como (quase) no tamanho.
Das urgências limpas, calmas, rápidas e simpáticas do SAMS, mas carentes de um cirurgião pediátrico, partimos para o Hospital D. Estefânia.
A minha filha mergulhou num caldeirão multi-étnico, um autêntico anúncio da Benetton dos anos 80, com crianças de todas as cores e feitios. Todas as familias eram compostas por 3 pessoas - criança, mãe e pai - excepto uma: a de um puto cigano que estava acompanhado de mãe, pai, 4 irmãos, 3 tios, 4 tias, 6 primos, 1 prima, 2 avós, 1 tio avô, e dois casais amigos. Assim por baixo, uns 40.
Imbuida de verdadeiro heroísmo, a minha herdeira aguentou-se alegremente durante as 3 horas que lá estivemos, soçobrando apenas quando viu a médica a depenicar-lhe o dedo com uma tesoura, como que descascando uma pêra.
"Vamos para casa", pediu. E lá viemos, com mais uma história com que vamos chatear, daqui a uns 15 anos, os seus amigos que teimem em aparecer na nossa casa.