quarta-feira, 28 de março de 2007

Ainda os votos liberais

Relativamente ao post "Recapitulação", em que JLP comenta este meu post, gostaria de referir o seguinte:
Eu concordo em absoluto que "Um programa liberal tem portanto que se afirmar exactamente pelos "meios" ", como renego em absoluto a demagogia barata da tristemente célebre promessa dos 150.000 empregos de Sócrates.
Mas há que ter em conta o seguinte:
1. Ninguém pensa em "meios" sem pensar num determinado "fim". Não vamos também, só para marcar radicalmente a diferença, embarcar numa espécie de demagogia inversa, em que só se fala de medidas, e não se referem os objectivos que se pretendem atingir com a sua implementação.
2. Não confundamos o "Programa Liberal" com a sua comunicação. São passos e formatos que têm que ser tratados tendo em conta o fim a que se destinam. O "Programa" tem (e reforço o tem) que ser sustentado, quantificado, realista, corajoso, verdadeiro, repleto de "meios", porque, em primeiro lugar, é o guião, o plano, de quem o fez, e, acima de tudo, de quem o pretende executar; e em segundo lugar, porque quem o procurar ler, quer conhecer as ideias, os projectos, quer aferir da sua sustentabilidade e da credibilidade do mesmo e de quem o fez.
3. A comunicação através dos media tem regras muito estritas, e que passam hoje por divulgarem essencialmente mensagens curtas e simples. São as que passam nos rodapés das televisões, as que abrem noticiários (na TV e na rádio), as que produzem parangonas nas capas e que ocupam as colunas das páginas interiores.
Por tudo isto, insisto na necessidade de comunicar o "Programa Liberal" (os "meios") de forma a que as pessoas se interessem, e o compreendam como positivo.
Pegando numas das medidas apresentadas pelo JLP, "Devolução dos valores descontados para a segurança social aos seus titulares, e substituição do esquema actual de pensões por um sistema de pensão mínima única" , um "meio", se assim fosse comunicado, a mensagem (curta) que os media passariam seria "X defende a implementação de um sistema de pensão mínima única" (reforçando o "mínima").
O impacto junto da opinião pública seria negativo. O tempo de antena para explicar este "meio" seria minimo. O aproveitamento da esquerda desta medida seria máximo.
Eu sei que arrepia muita gente, mas a forma eficaz de passar este "meio" seria apresentando um dos seus "fins":
"X defende a duplicação das pensões mínimas" (reforçando a "duplicação"). Esta mensagem captaria a atenção. E esta mensagem não seria demagógica.
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Muitas vezes, daria jeito podermos mover um Bispo na horizontal. Mas as regras do jogo não o permitem.
Daí que, ou seguimos as regras, ou nem sequer jogamos. E este jogo tem que ser jogado, porque estamos quase todos a perder.

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