Tudo começou com uma leve dor no dedo. Dois dias depois estavamos nas urgências, dois dias depois também, e um dia depois idem.
O polegar da minha filha, infectado, parecia um gelado de baunilha e cereja, tanto na cor, como (quase) no tamanho.
Das urgências limpas, calmas, rápidas e simpáticas do SAMS, mas carentes de um cirurgião pediátrico, partimos para o Hospital D. Estefânia.
A minha filha mergulhou num caldeirão multi-étnico, um autêntico anúncio da Benetton dos anos 80, com crianças de todas as cores e feitios. Todas as familias eram compostas por 3 pessoas - criança, mãe e pai - excepto uma: a de um puto cigano que estava acompanhado de mãe, pai, 4 irmãos, 3 tios, 4 tias, 6 primos, 1 prima, 2 avós, 1 tio avô, e dois casais amigos. Assim por baixo, uns 40.
Imbuida de verdadeiro heroísmo, a minha herdeira aguentou-se alegremente durante as 3 horas que lá estivemos, soçobrando apenas quando viu a médica a depenicar-lhe o dedo com uma tesoura, como que descascando uma pêra.
"Vamos para casa", pediu. E lá viemos, com mais uma história com que vamos chatear, daqui a uns 15 anos, os seus amigos que teimem em aparecer na nossa casa.
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