segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Agressividade matinal

Um homem, dos seus 50 anos, sai do seu carro e grita com um taxista que, mantendo-se sentado, não deixa de responder. Não ouço o que eles dizem mas não preciso. Estão, com certeza, a adjectivar a mãe um do outro. O cinquentão, com pose de galo, termina o certamente elevado diálogo com o tipíco gesto de braço de quem vai pregar uma estalada no outro e volta para o seu carro. O taxista mete a cabeça de fora da janela e larga mais uns impropérios de natureza bastante marcante, dado que motivou o regresso do Galo. Este, tipo Ronaldo mas sem bola, pontapeia em grande estilo a porta do Taxi. O taxista abre a porta mas o outro logo a segura, tentando evitar a sua saída. Na cara do Galo vê-se agora que se transformou num Pinto. É normal: a coragem de alguns é inversamente proporcional à de quem se enfrenta.
O Galo transformado em Pinto, conhece outra transformação. Agora é Galgo, e corre rapidamente para o seu carro. O taxista revela-se finalmente - um metro e meio de gente - e com ele traz uma espécie de bastão. As suas pernas pequenas e eventualmente o peso do bastão não lhe deram o impulso suficiente para atingir o carro do outro, cujos pneus guincharam enquanto carregavam o ex-Galo, ex-Pinto e agora Galgo, rumo à fuga.

Nunca deixo de me espantar com estas agressividades matinais. Não sei se é resultado de pequenos-almoços demasiado calóricos ou de haver homens que vivem mal por terem pilas pequenas ou por outra razão ridicula qualquer. O que sei é que há uma regra básica de sobrevivência no trânsito, e que o tal cinquentão desconhecia ou desrespeitou: nunca se metam com taxistas. Ou nunca viram o Taxi Driver?

2 comentários:

Anónimo disse...

Aqui à uns 20 anitos ( talvez mais) vi uma cena parecida na Morais Soares em Lisboa. Neste caso o galo foi o taxista que se aproximou com uma barra de ferro, que brandia furiosamente, do condutor (entretanto saido do carro) que estava á sua frente. Foi tudo muito rapido mas apercebi-me da mulher do condutor em panico porque o marido ia ser agredido, o taxista de cabeça perdida e o dito condutor impávido. Então ele não se mexe, não foge? pensei. Mais rapido do que eu tinha pensado nisto já o taxista estava no chão derrubado por um pontapé de lado no pescoço (ou lá perto). Perante a falta de reacção do taxista o outro condutor entrou no carro e arrancou calmamente (aposto que a mulher nem sabia que ele se podia defender tão bem). A parte curiosa é que após ter visto o condutor partir, de imediato o taxista se levantou e gritou: Cobarde, um homem não foge. Anda cá...
É que existem muitos tipos de taxista....

NG disse...

Por uma mera questão de falta de elasticidade - o que me impede de pontapear seja quem for acima da cintura - eu fugiria.