quinta-feira, 29 de março de 2007

Aviso à navegação (aérea)

Aos Governantes actuais e futuros:
seja lá onde o vão construir, vejam lá se não cedem à moda do voto telefónico para escolher o nome do novo aeroporto. Olhem que o homem se arriscaria a ser bi-campeão. E, pior que isso, ainda se repetiria a história, e teríamos um Aeroporto 25 de Abril.

quarta-feira, 28 de março de 2007

Ainda os votos liberais

Relativamente ao post "Recapitulação", em que JLP comenta este meu post, gostaria de referir o seguinte:
Eu concordo em absoluto que "Um programa liberal tem portanto que se afirmar exactamente pelos "meios" ", como renego em absoluto a demagogia barata da tristemente célebre promessa dos 150.000 empregos de Sócrates.
Mas há que ter em conta o seguinte:
1. Ninguém pensa em "meios" sem pensar num determinado "fim". Não vamos também, só para marcar radicalmente a diferença, embarcar numa espécie de demagogia inversa, em que só se fala de medidas, e não se referem os objectivos que se pretendem atingir com a sua implementação.
2. Não confundamos o "Programa Liberal" com a sua comunicação. São passos e formatos que têm que ser tratados tendo em conta o fim a que se destinam. O "Programa" tem (e reforço o tem) que ser sustentado, quantificado, realista, corajoso, verdadeiro, repleto de "meios", porque, em primeiro lugar, é o guião, o plano, de quem o fez, e, acima de tudo, de quem o pretende executar; e em segundo lugar, porque quem o procurar ler, quer conhecer as ideias, os projectos, quer aferir da sua sustentabilidade e da credibilidade do mesmo e de quem o fez.
3. A comunicação através dos media tem regras muito estritas, e que passam hoje por divulgarem essencialmente mensagens curtas e simples. São as que passam nos rodapés das televisões, as que abrem noticiários (na TV e na rádio), as que produzem parangonas nas capas e que ocupam as colunas das páginas interiores.
Por tudo isto, insisto na necessidade de comunicar o "Programa Liberal" (os "meios") de forma a que as pessoas se interessem, e o compreendam como positivo.
Pegando numas das medidas apresentadas pelo JLP, "Devolução dos valores descontados para a segurança social aos seus titulares, e substituição do esquema actual de pensões por um sistema de pensão mínima única" , um "meio", se assim fosse comunicado, a mensagem (curta) que os media passariam seria "X defende a implementação de um sistema de pensão mínima única" (reforçando o "mínima").
O impacto junto da opinião pública seria negativo. O tempo de antena para explicar este "meio" seria minimo. O aproveitamento da esquerda desta medida seria máximo.
Eu sei que arrepia muita gente, mas a forma eficaz de passar este "meio" seria apresentando um dos seus "fins":
"X defende a duplicação das pensões mínimas" (reforçando a "duplicação"). Esta mensagem captaria a atenção. E esta mensagem não seria demagógica.
.
Muitas vezes, daria jeito podermos mover um Bispo na horizontal. Mas as regras do jogo não o permitem.
Daí que, ou seguimos as regras, ou nem sequer jogamos. E este jogo tem que ser jogado, porque estamos quase todos a perder.

terça-feira, 27 de março de 2007

Contos Anunciados (2)

Os pais quiseram-no advogado e lá foi ele direito para a Universidade. Demorou 7 anos ou uma eternidade - consoante a sua versão ou da senhora da secretaria - a tirar o curso, em que de prático aprendeu a escrever a lápis em letras pequenas e com tal força, que os seus escritos depois de apagados, se sentiam como braille.
Divertiu-se depois a recolher assinaturas nos tribunais, assistindo à esgrima de dramas domésticos, dívidas eternas ou desaguizados no trânsito matinal. Seguiu-se o vazio.
Pior que a sua média, só a reputação da sua Universidade, atributo que ele, na sua ingenuidade, achava próprio só de pessoas. Levou mais negas em 6 meses de envio de CVs do que em 7 anos de estudo. E ficou-se por casa.
Hoje, sentado no sofá dos pais, sente o sol que fura o estore da sala enquanto olha para o monte de envelopes que se estica em cima da mesa. "Já chega para o tabaco deste mês", pensou.
E deita-se no sofá, enquanto tenta decidir se jogará o Simão ou o Moutinho.
Inspirado no anúncio:
"GANHE 4.500€ / MÊS, Ou até mais sem sair de casa, dobrando circulares. Pode ser part/full time"
DN 27/03/2007

Contos Anunciados (1)

Lourel? Ele é bastante mais velho, sim, mas ela ama-o, e di-lo com um misto de orgulho e raiva aos pais chocados, que primeiro lhe gritaram, depois a ameaçaram, e por fim já só choram.
Lourel? Ele é engraçado, muito engraçado, e leva-a a restaurantes com doses pequenas e preços grandes, e ela veste um dos dois vestidos que ele lhe deu - o preto, com o decote - e ela ri-se toda a noite com as histórias dele, mesmo com as historias da tropa.
Lourel? Ele deixou a mulher, e também os filhos, mas ele tem a certeza que pelo menos um deles é do patrão, ele fez tudo para salvar o casamento, como fez tudo para salvar o casamento anterior, como fará tudo para salvar este casamento, quando acontecer, e ela quer um vestido lindo, pérola, e uma aliança daquelas quadradas de ouro branco.
Lourel? Ele disse-lhe que queria os olhos dela reflectidos no mar ou num rio ou nas folhas verdes de um pinhal imenso, e ela começou a desenhar móveis que encaixassem em quartos pequenos numa das colinas de Lisboa, ou em salas enormes na Linha de Cascais, mas ele guarda para si a localização do ninho, ele é o Pirata que tem o mapa, enquanto ela só pode tentar adivinhar o X.
Lourel? Ele aponta para duas árvores e faz daquilo um pinhal, ela não para de olhar para a porta e imagina que quando a abrir vai ver um rio - um rio qualquer - ou sentir o cheiro do mar, ele apresenta o mesmo sorriso de sempre, mas ela vê-o agora como diabólico, e roga pragas a si mesma, até começar a chorar quando a senhora da agência imobiliária lhe diz que a casa está "impecável".
Inspirado no anúncio:
"Lourel/ Sintra. T2 duplex, 120m², Impecável, óptima oportunidade" Jornal da Ocasião, 27/03/2007

Não há quem vote ou em quem votar?

Desde já peço desculpa ao AMN (A Arte da Fuga) e ao JLP (Small Brother) por me "meter" nesta conversa, que de seguida resumo:
Concordando com ambos, gostaria de agarrar no "programa e discurso bem construídos" referido pelo JLP, e referir que, neste aspecto, há tudo a aprender com a esquerda.
A esquerda sabe que o veículo de qualquer mensagem política é a comunicação social, e também sabe como esta funciona. Os títulos dos jornais, ou as noticias de abertura de telejornais não se enchem com "meios" mas sim com "fins". Um "Partido X promete mais/melhor emprego/educação" será sempre escolhido em detrimento de um "Partido Y promete acabar com participações do Estado/obrigações sucessórias".
Daí que todos os "meios" (medidas) propostas pelo JLP teriam que ser veículadas como "fins" para captarem a atenção do público.
E não é uma tarefa impossível: Diogo Leite de Campos, há cerca de uma semana, numa entrevista na SIC-Noticias, como já destacou o CAA (Blasfémias), expôs de forma clarissima o que todos teríamos a ganhar com a redução de impostos. Numa intervenção de uma simplicidade brilhante, apresentou "fins", sustentados q.b. com alguns "meios".
Parece-me, por tudo isto, que se arranjam votos liberais.
Parece-me bem mais dificil arranjar em quem votar.

Aos 1044 dias

Tudo começou com uma leve dor no dedo. Dois dias depois estavamos nas urgências, dois dias depois também, e um dia depois idem.
O polegar da minha filha, infectado, parecia um gelado de baunilha e cereja, tanto na cor, como (quase) no tamanho.
Das urgências limpas, calmas, rápidas e simpáticas do SAMS, mas carentes de um cirurgião pediátrico, partimos para o Hospital D. Estefânia.
A minha filha mergulhou num caldeirão multi-étnico, um autêntico anúncio da Benetton dos anos 80, com crianças de todas as cores e feitios. Todas as familias eram compostas por 3 pessoas - criança, mãe e pai - excepto uma: a de um puto cigano que estava acompanhado de mãe, pai, 4 irmãos, 3 tios, 4 tias, 6 primos, 1 prima, 2 avós, 1 tio avô, e dois casais amigos. Assim por baixo, uns 40.
Imbuida de verdadeiro heroísmo, a minha herdeira aguentou-se alegremente durante as 3 horas que lá estivemos, soçobrando apenas quando viu a médica a depenicar-lhe o dedo com uma tesoura, como que descascando uma pêra.
"Vamos para casa", pediu. E lá viemos, com mais uma história com que vamos chatear, daqui a uns 15 anos, os seus amigos que teimem em aparecer na nossa casa.

segunda-feira, 26 de março de 2007

Saber ler os sinais

Há quem deduza da votação expressiva em Salazar no programa "Grandes Portugueses" um sinal de atraso do povo português.
Eu identifico um sinal de atraso sim em quem dá alguma relevância a isto.

domingo, 25 de março de 2007

Irritações

O que me irrita não é que Sócrates se finja engenheiro, é que se finja Primeiro-Ministro. E o que me irrita ainda mais é que há mais gente que acredita na segunda mentira do que na primeira.

Aos 1043 dias

- Pai, sou uma Pguincesa.
- Pois és.
- E a mãe é uma Gainha.
- Pois é.
- E o pai é...
- Republicano, filha, republicano!